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Por que a indústria de animes tem dificuldade em adaptar histórias com o pé no realismo?

Por que a indústria de animes tem dificuldade em adaptar histórias com o pé no realismo?
Se alguém lhe afirmar que o Japão é a terra da fantasia isto pode estar correto, ao menos quando se analisa o mercado de mangás, light novels e animes.

A quantidade de magia e fantasia inserida nas obras atuais, mesmo aquelas que buscam abordagens mais lógicas, é enorme e quase nada ganha anime hoje em dia se não tiver uma boa dose disto.

Alguns diriam que os jovens japoneses buscam fugir das normas rígidas da sociedade que os cercam, desde a infância passando pelos estudos até a vida adulta no mercado de trabalho.

Outros alegariam que o fan-service é obrigatório para se vender qualquer história e, por esta razão, elementos lógicos da trama devem ser sacrificados em nome da diversão.

Realismo versus imaginário é um dos dilemas daqueles que mantém a animação nipônica rumo ao futuro. Enquanto os japoneses são experientes em criar histórias de comédia, aventura e fantasia ele têm dificuldades em produzir obras com o pé no chão, no qual existam delimitações para "o que faz ou não sentido", "o que pode ou não acontecer" ou o "que é ou não cabível" numa obra de ficção.

Embora fantasia seja um tema que desperta áreas da mente humana voltadas ao sonho e imaginário, nosso cérebro tende a dar maior valor há histórias que possuem algum compromisso com a lógica e realidade.

Como exemplo do dilema podemos citar o anime "Dolls' Frontline", exibido em 2022 inspirado em um game de mesmo título. A série possui temática militar envolvendo tecnologia avançada e conflitos armados, entretanto, as protagonistas são garotas androides com vestidos bordados que se encaixariam perfeitamente em qualquer realidade menos em um conflito militar.

Do ponto de vista do fan-service, de apresentar algo inusitado, excitante, que salte aos olhos e faça os interessados jogarem o game ou comprarem a mídia física do anime, parece ser a abordagem correta. Entretanto ter waifus vestidas para um encontro romântico na frente de batalha de uma guerra faz tanto sentido quanto adoçar seu café com uma xícara de sal.

No fim das contas é a recepção da audiência que orienta a indústria de animes sobre o que produzir a seguir. Com a crescente oferta em outros mercados, tipo o chinês e sul-coreano, os que buscam histórias diferentes podem encontrar neles algo interessante.