Dragon Ball Super, uma análise imparcial.



Vinte anos, em 2015 faziam exatos 20 anos que um Dragon Ball inédito havia sido lançado. Apesar do nome Dragon Ball possuir um forte apelo principalmente entre os mais adultos que acompanharam as aventuras de Goku e seus amigos tanto nos anos 90 quanto nos anos 2000, Akira Toriyama meio que já havia se aposentado da série até que dois filmes Dragon Ball, a Guerra dos Deuses e Dragon Ball, a Ressurreição de Freeza ajudaram o criador e produtores a arregaçar as mangas e trazer para nós Dragon Ball Super esse que divide opiniões e se encontra na reta final de seus 120 episódios. Expomos aqui uma análise imparcial verificando os seus pontos positivos, as contribuições que trouxe a série e negativos, seus tropeços e falhas. Nos acompanhe, há muito conteúdo interessante tanto para quem o vem assistindo quanto para aqueles que ainda não tiveram contato.

Começando pela staff, Dragon Ball Super é um anime japonês em estilo shounen de batalha adaptado do mangá de autoria de Akira Toriyama com ilustrações de Tyotarou. A adaptação para anime foi produzida pelo polêmico estúdio Toei Animation (o mesmo estúdio de One Piece, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z, Yu-gi-oh!, Lovely Complex e Digimon Adventures entre diversos outros). O anime contou com o trabalho de quatro diretores Kimitoshi Chioka (dos episódios 1 a 46), Morio Hatano (dos episódios 33 a 76), Kohei Hatano (dos episódios 68 a 76) e Ryota Nakamura (dos episódios 76 até o presente) com texto de Akira Toryiama e música de Norihito Sumitomo Dragon Ball Super contou com o apoio das produtoras Yomiko Advertising e Fuji TV em um total de 120 episódios previstos exibidos a partir da temporada de Verão de 2015 tendo início em 05 de Julho com previsão de encerramento para Dezembro de 2017 no mais tardar Janeiro de 2018 se não houver atrasos. A produção é exibida no Japão com exclusividade pela Fuji Tv e transmitida simultaneamente para o restante do mundo pelo serviço de streaming Crunchyroll com legendas em Português do Brasil apenas para assinantes Premium. Dragon Ball Super recebeu nota 7.45\10 no Myanimelist com pouco mais de 172.000 membros integrantes e apenas 75.000 usuários votantes, números pequenos para um anime da saga.

É bom lembrar que o anime já está em exibição com dublagem em Português do Brasil pelo canal por assinatura Cartoon Network. A exibição começou em 05 de Agosto de 2017 diariamente às 23hs com reprises às 15h30. Muito temos o que falar, a internet está cheia de polêmicas sobre essa nova adaptação a maioria criticando a história sem criatividade e a qualidade da animação que como sempre está bem abaixo da média do mercado.

Pontos Positivos:

Respeito ao Legado. Dragon Ball Super não anula o legado deixado por Dragon Ball Z e o Dragon Ball clássico pelo contrário ele o respeita não procurando ser um rival ou melhor que o anime antecessor e constantemente traz flashbacks usando trechos originais da animação deixando claro que é uma continuação direta de Dragon Ball Z não esquecendo suas raízes.

Consideração pelos personagens. Nesse novo anime praticamente ninguém foi esquecido Tenshin-han, Trunks, Yamcha, Pual, Hulong, Picollo, Gohan, Kuririn, os androides número 17 e 18, Marom, Mestre Kame, Mr Satã todos estão lá participando da animação inclusive sendo de grande ajuda em algumas batalhas. Freeza como o maior vilão de toda a saga também é bastante explorado apenas Cell ficou meio esquecido.

Pã e Bra (ou Bura). Por tem seu roteiro supervisionado pelo autor Akira Toriyama a história se inicia logo após a fase de Majin Boo de Dragon Ball Z e portanto anula quase que totalmente o famigerado Dragon Ball GT tão odiado pelos fãs e que não contou com a participação do autor na história apenas no design de personagens e capa promocional. Eu disse quase que totalmente porque duas personagens que surgiram em Dragon Ball GT, (filha de Gohan e Videl) e Bra ou Bura (filha de Vegeta e Bulma) pareciam está na intensão do autor de serem integradas ao universo do anime e foram trazidas para Dragon Ball Super com algumas mudanças. Em DBGT Bra (ou Bura) já era adolescente tendo nascido primeiro que Pã. Em DB Super, Pã nasceu primeiro e Bra ainda é uma recém-nascida vindo a surgir um pouquinho antes do último torneio de artes marciais entre os universos.

Caulifla Genes de Dragon Ball. Dragon Ball Super é sim um autêntico Dragon Ball, o fato do autor está fazendo parte mais ativamente da história trouxe o humor característico de volta e nós voltamos a reconhecer a alma dos personagens que tanto estávamos acostumados em Dragon Ball Z. É claro, houveram mudanças e algum amadurecimento mas eles continuam sendo o velho Goku, Vegeta, Mestre Kame e tantos outros que lembramos com tamanha alegria. Em alguns episódios Goku parece um tanto confiante demais, até um pouquinho, só um pouquinho arrogante em sua postura mas ele permanece esquecido, irresponsável, comilão, louco por batalhas e desastrado tirando a paciência de Chi-chi, sua esposa. Vegeta, mesmo com alguns momentos vergonha alheia é o velho e orgulhoso príncipe dos Sayajins.  

Finalmente, Mulheres Super Sayajins. Para mim já estava mais do que na hora de Dragon Ball ter mulheres que se transformam em Super Sayajins. Eu até cheguei a apostar que Pã seria a primeira a apresentar os épicos cabelos amarelos espetados e muito poder de luta porém duas personagens do sexto universo (que também abriga Sayajins) Caulifla e sua protegida Kale são as primeiras Super Sayajins Mulheres de Dragon Ball. Akira Toriyama acertou em cheio na personalidade delas, Caulifla faz o tipo garota rebelde, Bad Girl mas ela é muito carismática e engraçada e de cara já conquistou a simpatia de muitos fãs. Ela tem aquele tom de voz de briguenta que sinceramente a deixa ainda mais cômica. Kale é sua protegida, do tipo irmãzinha ciumenta extremamente tímida e medrosa em sua forma normal Kale levantou uma tempestade de comentários pela internet pois ela é descaradamente a versão feminina de Brooly, personagem que surgiu em filmes e OVAs da série, quando transformada. Kale tem o mesmo poder insano e a aparência de brutamontes que Brooly apresentava com a exceção dela conseguir ter domínio sobre sua consciência. Fica apenas difícil de acreditar que uma garotinha tão tímida e magrinha possa se transformar naquela montanha de músculos e força.

Hit, um novo anti-herói casca grossa. Hit (de Hitman) é um assassino de aluguel do sexto universo, tendo poder para bater de frente com o Super Sayajin Azul (já falo dele) é um personagem bem vindo ao universo de Dragon Ball. Fechado e concentrado ele tem a capacidade de saltar no tempo por alguns milésimos de segundo o que faz seus adversários caírem ao primeiro golpe.
Caulifla Super Sayajin
Kale
Kale Super Sayajin

Freeza e Frost. Quem iria imaginar Freeza cooperando com Goku em alguma coisa, pois é! Não vou contar detalhes pois seria um grande spoiler para quem ainda não assistiu, muitos dizem que o vilão já deu tudo o que tinha na série mas Freeza continua lá renovado e ameaçador como sempre. Ela conta com uma versão sua no sexto universo chamado Frost, muito mais fraco mas tão traiçoeiro e perigoso quanto.

Jiren, um novo anti-herói. Durante todo o torneio do poder que finalizou a historia do anime tivemos a apresentação de um novo personagem mais forte que Goku e Vegeta unidos que deu bastante trabalho. Jiren assim como seus aliados não alcançou o mesmo carisma de outros inimigos da série mas não fez feio protagonizando junto a Goku, Freeza e o número 17 um último episódio emocionante cheio de ação e adrenalina
Goku Ultra-Instinct. Essa foi a última transformação de Goku que o permitiu não apenas superar os poderes do Super Sayajin Azul como alcançar os poderes de um deus, apesar de haver um alto custo para essa transformação os desenvolvedores do anime apostaram no Ultra-Instinct para manter o hype na reta final do anime tendo direito até mesmo a uma trilha musical própria. O ultra-instinct surgiu no primeiro confronto entre Goku e Jiren meio que de forma acidental até ser dominado posteriormente.


Pontos Negativos.

A Toei Animation e a qualidade da animação. Em primeiro lugar vamos compreender como a política da Toei Animation funciona. O que One Piece, Dragon Ball e a série Cavaleiros do Zodíaco possuem em comum? Além de serem shounens de batalha de grande sucesso eles são longos, exatamente. Produzir um anime de uma única temporada com 12 ou 13 episódios com ótima qualidade custa atualmente entre R$ 1.100.000 e R$ 1.300.000. 


Calculando por baixo, produzir um anime de 120 episódios (10 temporadas) teria um custo de aproximadamente 10 X R$ 1.100.000 = R$ 11.000.000 no mínimo. Pode parecer pouco comparado a outras produções mas o que pouca gente sabe é que animes não costumam gerar tanto lucro quanto imaginam. É política da Toei Animation baixar o máximo que pode os custos para conseguir adaptar animes com longas histórias mas ela costuma levar isso a extremos e tivemos no início um Vegeta com duas mãos esquerdas (ou direitas), pupilas desalinhadas e em alguns momentos parecia até que crianças tinham feito os desenhos. Santo Deus! Muita inconsistência de design e novamente um Vegeta com a bunda mole e caída na sua luta contra Hit na prévia do torneio de artes marciais. Negócio Brabo. Sinceramente já estava acostumado com a animação da Toei em Dragon Ball Z e não pirava muito exceto quando ela ficava bizarra a um ponto inaceitável. A situação de Dragon Ball Super é um pouco menos sofrida mais esses cortes de orçamentos extremos estão lá.

O Super Sayajin Azul. Um novo Dragon Ball significa novas transformações e todos as estavam aguardando. Devo logo avisar que quem esperava vê um Vegeta Super Sayajin 3 pode esquecer. Akira Toriyama deixou esta transformação icônica somente para Goku e decidiu levar Vegeta a pular do Super Sayajin 2 diretamente para o Super Sayajin Azul. Essa nova transformação é fruto do treinamento de Goku e Vegeta com Whis o anjo assistente de Bills, o deus da destruição. Como é um treinamento dos deuses a nova transformação tem um poder  absurdo (ou deveria ter) semelhante aos tais deuses mas drena bastante poder e cansa rápido. Esteticamente o Super Sayajin Azul é a menos interessante de todas as transformações. É apenas um Super Sayajin nível 1 com cabelo, sobrancelhas e pupilas azuis ao invés de amarelas. Ninguém o achou horrível mas não causa o impacto que as outras transformações trouxeram.

Desbalanceamento de poderes. Essa é a parte que mais me frustrou, o Super Sayajin nível 1 tem poderes um pouco superiores ao de Freeza e portanto é capaz de destruir um planeta inteiro com facilidade mas, nós tivemos que assistir o Super Sayajin Azul, teoricamente milhares de vezes superior, tendo exibições bastante decepcionantes inferiores ao SSJ1 com Vegeta e Goku sendo vencidos facilmente por Zamasu apenas porque foram arremessados um contra o outro e no choque caíram derrotados após alguns minutos de combate. São vários os momentos em Dragon Ball Super em que as transformações mais poderosas, incluindo o SSJ Azul aparentam ter uma performance bem mais fraca que as demais formas e isso lutando contra inimigos pouco expressivos. 

História sem criatividade. Literalmente os exatos 30 primeiros episódios são uma recapitulação dos dois filmes "A guerra dos deuses" e "A ressurreição de Freeza". A história é recontada com alguns detalhes acrescentados e algumas alterações no modo como tudo se encerrou, não chega a ser uma má ideia e sim uma forma de inserir os fãs nos acontecimentos que estariam por vir porém o roteiro do anime em grande parte é genérico, sem criatividade ou profundidade como se fosse algo escrito e animado às pressas carecendo de uma história mais épica, cheia de mistérios e revelações. O que tornou a Saga Cell e principalmente a Saga Freeza épicas? O roteiro, na época fiquei vidrado como aqueles momentos foram bem escritos com revelações surpreendentes a cada episódio ora a situação favorecendo a Kuririn, Gohan e Bulma que estavam em Namekusen a procura das esferas do Dragão, ora a favor de Freeza e as forças especial Gnyu. Foi muito empolgante acompanhar a transformação de Vegeta de vilão para anti-herói. O mesmo texto cheio de suspense e empolgação estava presente na saga de Cell com Trunks voltando a um passado um pouco diferente do que ele imaginava presenciando os androides 19 e 20 ao invés de encontrar o 17 e a 18. A história de Dragon Ball Z e as transformações sempre foram o maior trunfo do anime. Na saga de Majin Boo a qualidade do texto do autor decaiu incluindo a zoeira de colocar um vilão que transformava seus inimigos em chocolate. Nessa nova adaptação tudo parece ser escrito de improviso com coadjuvantes criados de qualquer jeito e um desenrolar de acontecimentos não muito brilhante.

Em resumo...

Dragon Ball Super é mais para matar saudades do que para surpreender com algo superior e nisso esse novo anime cumpre o seu papel. Dragon Ball é Dragon Ball não podemos esquecer disso apesar de acreditar que eles perderam a excelente oportunidade de nos trazer uma história muito mais criativa e empolgante do que nos foi exposta até aqui e explorado melhor vilões como Zamasu e Goku Black. Podemos acrescentá-lo como mais um anime da Saga.

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Valeu e até a próxima.

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